Fertilização in vitro: um guia completo sobre o procedimento e suas indicações
A fertilização in vitro (FIV) é um procedimento de alta complexidade no campo da reprodução assistida, onde a fecundação ocorre fora do corpo, em ambiente laboratorial. Este avançado procedimento representa uma solução esperançosa para casais que enfrentam dificuldades para conceber naturalmente. Este artigo aborda detalhadamente o que é a fertilização in vitro, suas indicações, os procedimentos envolvidos e o que se pode esperar após o procedimento.
O que é a fertilização in vitro?
A fertilização in vitro (FIV) é um procedimento de reprodução assistida no qual os óvulos são fertilizados pelos espermatozoides em um ambiente controlado de laboratório, formando embriões que serão posteriormente transferidos para o útero da mulher. Este método foi inicialmente desenvolvido para tratar casos de infertilidade relacionados ao fator tubário. No entanto, ao longo do tempo, suas indicações foram ampliadas e atualmente abrangem diversos cenários de infertilidade.
De acordo com a Dra. Márcia Mendonça, ginecologista do Centro de Reprodução Humana Mater Dei, a FIV envolve a estimulação ovariana para obtenção de óvulos, inseminação dos óvulos em laboratório e a transferência dos embriões para o útero. A técnica pode ser convencional, onde o espermatozoide é colocado em contato com o óvulo para fertilização espontânea, ou pode envolver a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI), onde um espermatozoide é inserido no óvulo utilizando micromanipuladores.
Indicações da fertilização in vitro
Inicialmente, a FIV era indicada apenas para casos de infertilidade relacionada ao fator tubário. No entanto, ao longo dos anos, as indicações foram expandidas, e agora incluem uma variedade de situações, tais como:
1. Ausência, bloqueio total ou parcial das trompas.
2. Idade avançada da mulher.
3. Distúrbios na ovulação.
4. Endometriose.
5. Falência ovariana.
6. Infertilidade sem causa aparente.
7. Baixa contagem de espermatozoides ou problemas de motilidade e morfologia.
8. Ausência de gametas no sêmen.
9. Casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos.
10. Quando os tratamentos de baixa complexidade não foram efetivos.
As indicações podem variar de acordo com a idade, histórico médico e condições específicas de cada paciente.
Como funciona o procedimento de fertilização in vitro
A FIV é um processo composto por várias etapas cruciais que visam alcançar o sucesso na fertilização e gestação. Abaixo estão as principais etapas do procedimento:
1. Estimulação ovariana controlada
O primeiro passo da FIV é a estimulação ovariana controlada, realizada por meio de medicamentos injetáveis que aumentam a produção de hormônios relacionados à ovulação. Este processo visa recrutar um maior número de óvulos para aumentar as chances de sucesso do procedimento.
2. Controle do crescimento dos óvulos
O crescimento dos folículos ovarianos, que contêm os óvulos, é monitorado por ultrassonografias endovaginais para determinar o momento ideal para a coleta dos óvulos.
3. Coleta dos óvulos
Os óvulos são coletados sob anestesia, em ambiente cirúrgico, através de uma punção ovariana. Este procedimento é guiado por ultrassom transvaginal.
4. Coleta e preparo do sêmen
O sêmen é coletado e preparado para ser utilizado na fertilização dos óvulos.
5. Inseminação dos óvulos
Os óvulos são inseminados em laboratório, seja de forma convencional, onde são colocados em contato com os espermatozoides para fertilização espontânea, ou por meio da Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI), onde um espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.
6. Cultivo e avaliação dos embriões
Os embriões resultantes da fertilização são cultivados e avaliados em laboratório para selecionar os mais viáveis para a transferência.
7. Transferência dos embriões para o útero
Os embriões selecionados são transferidos para o útero da mulher através de um cateter, de forma semelhante a um exame ginecológico.
Como saber se o procedimento foi bem-sucedido?
A confirmação da gravidez após a transferência dos embriões é feita aproximadamente 12 dias após o procedimento, por meio de um teste de gravidez. Caso o resultado seja positivo, uma ultrassonografia é realizada após cerca de 4 semanas para avaliar a evolução da gravidez e o número de embriões implantados.
Os resultados da FIV dependem de vários fatores, sendo a idade da mulher um dos mais significativos. Pesquisas indicam que a fertilidade feminina começa a diminuir após os 35 anos, afetando a taxa de fertilização, implantação e aumento da taxa de abortamentos.
Quantos embriões podem ser transferidos para o útero?
O número máximo de embriões que podem ser transferidos em cada ciclo de fertilização in vitro é determinado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e varia de acordo com a idade da mulher. É essencial que o casal discuta com o médico a quantidade de embriões a serem transferidos, respeitando os limites estabelecidos pelo CFM para evitar gravidezes múltiplas. Os embriões não utilizados podem ser congelados e armazenados para futuras tentativas.
Chances de engravidar com a fertilização in vitro
As chances de sucesso na FIV estão diretamente relacionadas à idade da mulher, número de óvulos coletados, reserva ovariana e outras causas subjacentes de infertilidade. A idade da paciente é um fator determinante para o sucesso da FIV, tornando o procedimento uma opção válida também para mulheres com idade avançada.
Possíveis complicações da FIV
Embora a FIV seja um procedimento seguro, existem complicações potenciais que podem ocorrer. Duas das complicações mais comuns são a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana e as gestações múltiplas.
Síndrome da hiperestimulação ovariana
Essa síndrome pode ocorrer devido à estimulação ovariana intensa, resultando em sintomas como dor abdominal leve, inchaço, náuseas e vômitos. Apesar de rara, a síndrome deve ser comunicada imediatamente ao médico.
Gestações múltiplas
A FIV aumenta o risco de gestações múltiplas, o que pode ser controlado pelo número de embriões transferidos. O CFM estabelece diretrizes para a quantidade máxima de embriões que podem ser transferidos, visando reduzir o risco de gravidez múltipla.
As diferenças entre fertilização in vitro e inseminação artificial
A fertilização in vitro (FIV) e a inseminação artificial são duas técnicas de reprodução assistida que têm o objetivo de auxiliar casais com dificuldades para conceber um filho. Apesar de ambas serem utilizadas para aumentar as chances de gravidez, elas diferem em vários aspectos, desde o processo até as indicações. Abaixo, apresentaremos as principais diferenças entre esses dois procedimentos.
Fertilização in vitro (FIV)
1. Processo de fertilização:
– Na FIV, a fertilização ocorre fora do corpo da mulher, em laboratório. Os óvulos são coletados e fertilizados em uma placa de cultura com os espermatozoides do parceiro ou doador.
2. Local da fertilização:
– A fertilização in vitro é realizada em um ambiente controlado de laboratório, não dentro do corpo da mulher.
3. Indicação:
– A FIV é indicada em casos de infertilidade mais complexa, como baixa contagem de espermatozoides, problemas de ovulação, obstrução das trompas, endometriose, falência ovariana, entre outros.
4. Procedimento para fertilização:
– Após estimulação ovariana e coleta dos óvulos, os óvulos são fertilizados em laboratório e os embriões resultantes são transferidos para o útero da mulher.
5. Taxa de sucesso:
– A FIV tem taxas de sucesso geralmente mais altas em comparação com a inseminação artificial, especialmente em casos de infertilidade mais complexa.
Inseminação artificial
1. Processo de fertilização:
– Na inseminação artificial, os espermatozoides são separados e concentrados em laboratório e, em seguida, introduzidos diretamente no útero da mulher, próximo ao momento da ovulação.
2. Local da fertilização:
– A fertilização na inseminação artificial ocorre dentro do corpo da mulher, no útero.
3. Indicação:
– A inseminação artificial é indicada em casos de infertilidade mais simples, como problemas leves de contagem de espermatozoides, problemas de motilidade dos espermatozoides e quando a causa da infertilidade é desconhecida.
4. Procedimento para fertilização:
– O processo envolve a introdução do sêmen tratado com maior concentração de espermatozoides diretamente no útero, próximo ao momento da ovulação.
5. Taxa de sucesso:
– Geralmente, a taxa de sucesso da inseminação artificial é menor em comparação com a FIV, especialmente em casos de infertilidade mais complexa.
Em resumo, a fertilização in vitro é uma técnica mais complexa, envolvendo fertilização dos óvulos em laboratório e transferência de embriões para o útero, sendo indicada para casos mais complexos de infertilidade.
A inseminação artificial, por outro lado, é menos invasiva, envolvendo a introdução de espermatozoides diretamente no útero e é indicada em casos mais simples de infertilidade. A escolha entre esses procedimentos dependerá da avaliação médica individual de cada casal e de sua condição de infertilidade.
Conclusão
A fertilização in vitro é uma técnica avançada e eficaz para auxiliar casais com dificuldades para conceber. Suas indicações foram expandidas ao longo dos anos, tornando-se uma opção viável para diversos cenários de infertilidade.
É essencial que os casais considerem a FIV como uma opção e consultem um especialista em reprodução assistida para avaliar a melhor abordagem para o seu caso. O acompanhamento médico adequado é fundamental para garantir o sucesso do procedimento e a realização do sonho de formar uma família.